O ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) depõe às 14h desta sexta-feira (24), em Curitiba, como testemunha de acusação no processo envolvendo o também ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Foi a partir da Delação premiada dele que a Operação Lava Jato chegou a Argello.
Delcídio do Amaral disse que havia um esquema de cobrança de propina para que empreiteiros não fossem convocados para Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A oitiva ocorre na Justiça Federal e será comandada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da operação na primeira instância.
A denúncia
Argello virou réu porque, segundo o Ministério Público Federal (MPF), há evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS. Em troca, ele barraria a convocação de executivos das empreiteiras.
Os recursos, ainda conforme divulgado pelo MPF, foram enviados a partidos indicados por Gim – DEM, PR, PMN e PRTB – na forma de doações de campanha. Ainda conforme os procuradores, as investigações apontaram acerto de vantagem indevida realizado por, pelo menos, quatro empreiteiras: UTC Engenharia, OAS, Toyo Setal e Odebrecht.
Segundo o MPF, o ex-senador solicitou propina para as empresas Andrade Gutierrez, Engevix e Camargo Corrêa. Essas, afirmam os procuradores, não aceitaram.
Testemunha
Delcídio do Amaral já havia sido arrolado como testemunha em processo da Lava Jato, pela defesa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ele foi preso, porém, um dia antes da oitiva e os advogados optaram por substituí-lo por outra testemunha.
Ele foi preso por obstrução de Justiça após ser flagrado em gravação oferecendo vantagens ao filho de Nestor Cerveró, para evitar que fosse efetivada a delação premiada do ex-diretor da Petrobras. Meses depois, o próprio Delcídio do Amaral fechou acordo de colaboração. Ele acabou tendo o mandato cassado pelos colegas.
Com a cassação, uma denúncia contra o ex-senador em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF) na Operação Lava Jato e que inclui o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva como acusado pode ser remetida para a primeira instância da Justiça Federal.