A Polícia Federal rebateu as acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) de que houve atraso injustificado de 40 dias para cumprimento de mandados de prisões contra fazendeiros acusados de envolvimento no assassinato do indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, alvejado por dois disparos de arma de fogo.
Em nota, a PF alegou que as ordens emitidas pela Justiça foram cumpridas dentro do prazo determinado e que a instituição se dá por necessidade de planejamento operacional para resguardas os policiais envolvidos nas ações.
Ainda segundo o comunicado, é realizado levantamento prévio de todos os locais que seriam alvos de intervenção e obtidos os recursos de materiais e de pessoal para atuar no caso, recrutando policiais de outras delegacias.
O MPF alegou que a Polícia Federal não prioriza a questão indígena, por isso a demora em cumprir os mandados. A PF informou que logo após o conflito, equipe foi encaminhada ao local e permanece até hoje na região e que continuará com as investigações de forma imparcial, para buscar identificar todos os envolvidos no conflito.
O CONFRONTO
No dia 12 de junho, índios da comunidade Tey Kuê, da etnia Guarani-Kaiowá, ocuparam a Fazenda Yvu. No dia seguinte, agentes da Polícia Federal foram notificados da ocupação por fazendeiros que os levaram até o local. Os policiais não encontraram reféns e foram informados pelos indígenas de que o proprietário poderia, em 24h, retirar o gado e seus pertences do local. Sem mandado de reintegração de posse, os PFs retornaram a Dourados.
Os proprietários rurais que foram presos hoje e mais 200 ou 300 pessoas ainda não identificadas, munidas de armas de fogo e rojões, se organizaram para expulsar os índios do local em 14 de junho. De acordo com testemunhas, foram mais de 40 caminhonetes que cercaram os índios, com auxílio de uma pá carregadeira, e começaram a disparar em direção à comunidade.
De um grupo de 40 a 50 índios, oito ficaram feridos e Clodioude Aquileu Rodrigues morreu. Dos indígenas feridos, um deles continua internado.