O guarani kaiowá Vito Fernandes, de 42 anos, morto na sexta-feira (26), em um confronto entre indígenas e policiais militares em uma propriedade rural em Amambai.
O guarani kaiowá Vito Fernandes, de 42 anos, morto na sexta-feira (26), em um confronto entre indígenas e policiais militares em uma propriedade rural em Amambai, Mato Grosso do Sul, ocorre desde a madrugada de sábado (25), em um barracão que fica ao lado da escola da aldeia Amambai.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). os familiares ainda não decidiram sobre o enterro. Não existe previsão de horário e local, mas lideranças indígenas de todo estado, de diversas etnias, estão se mobilizando para prestar solidariedade aos parentes e a comunidade, indo ao velório. Não está descartada nem mesmo a possibilidade de o enterro ser na área de conflito.
O confronto entre indígenas e policiais ocorreu na madrugada de sexta-feira. Pelo menos sete indígenas ficaram feridos, além de Vito Fernandes ter morrido. Três policiais militares também se feriram.
O conflito ocorreu devido à disputa de área vizinha a aldeia Amambai, a segunda maior do estado, com cerca de 7 mil moradores. Para os indígenas, as terras fazem parte do território Guapoy, que pertencia aos ancestrais dos povos originários e seria parte da reserva.
O coordenador do CIMI em Mato Grosso do Sul, Matias Benno, explica que a reserva indígena é antiga. “Ao longo do tempo, as terras que eram dos indígenas por direito foram subtraídas e colocadas em mãos de fazendeiros. São menos hectares do que é de direito [dos indígenas]. O local não é uma demarcação, mas sim uma reserva, local para onde os indígenas foram levados”, detalhou.
O coordenador do CIMI disse que os indígenas da etnia Guarani Kaiowá estão na região da fazenda onde ocorre o conflito há alguns dias e que entre quinta e sexta-feira (dias 23 e 24) fizeram o que chamam de “retomada” da área que consideram tradicional.
Após a “ocupação” sob a ótica dos indígenas, a Polícia Militar foi acionada, para combater, o que seria na visão da proprietária da terra, o grupo VT Brasil, uma “invasão”.
Segundo o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse ainda na sexta-feira (24), o conflito se iniciou porque quando indígenas atacaram policiais militares que foram acionados para “coibir uma invasão” e garantir a “segurança daqueles que estavam nas residências”. Videira alegou que a ida do Batalhão de Choque foi “necessária”.
“A Polícia Militar foi atender uma ocorrência grave de crime contra o patrimônio com risco de morte eminente, tanto que nossos policiais foram recebidos a tiros. Nós vamos manter o reforço em toda aquela região para evitar novos confrontos”, explicou o secretário.
“Quando o Batalhão de Choque chegou, ele foi recebido a tiros. Três policiais foram atingidos”, reforçou o secretário.
Fonte: G1/ Por g1 MS