Apesar da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do MS informar, em seu site oficial, que os dados divulgados “têm como foco apresentar o panorama da doença no período analisado, sendo um instrumento de auxílio para a elaboração de estratégias, ações e interlocuções entre as equipes técnicas”, não há como saber a realidade dos números da dengue no estado.
Ao “pé” do site da SES há a informação de que, segundo o Laboratório Central de Saúde Pública do (LACEN), foram coletadas 772 amostras de isolamentos virais no estado, até a última semana de 2012, pra um total de 16.506 notificações.
Dessas amostras, 170 foram positivas, totalizando 35 sorotipos de dengue tipo 1; 83 do tipo 2; e 52 do vírus tipo 4.Ou seja, das 16.506 notificações de 2012, só passaram por exames aprofundados 772 pacientes, ou menos de 5%. Do restante, nada se sabe.
O LACEN ainda informa que os testes rápidos para diagnóstico de dengue “são resultados presumíveis”, e devem ser confirmados por outras técnicas laboratoriais mais precisas, como sorologia MAC ELISA, Isolamento viral, detecção da proteína viral NS1 Ag e outras.
Além disso, o Lacen não tem informações de todos os municípios: “Os municípios em monitoramento estratégico concentram 69,4% (1.668.883) da população estadual e 87,7% (6.115) dos casos suspeitos da doença, de acordo com a planilha simplificada de acompanhamento” informa o órgão.
Como o mosquito transporta o vírus de uma pessoa contaminada para outra saudável, e assim progressivamente, saber quantas pessoas estão contaminadas no estado faz toda a diferença para as estratégias de combate à dengue.
Forma de divulgação oficial reduz número de notificações
O modo como a Secretaria de Estado da Saúde divulga os dados do atual ciclo de incidência da dengue, que causa uma epidemia em Campo Grande, pode levar a população a fazer interpretações errôneas sobre a gravidade da situação em todo o MS.
Para efeitos de controle, a contabilização oficial dos casos notificados se encerra ao final do ano, como neste 2012.
Mas, verdadeiramente, o ciclo da dengue começa na chegada das chuvas de final de ano e do calor do Verão e se estende até o começo da entrada da estação seca e fria, em março, com a chegada do outono – portanto não corresponde ao calendário tradicional.
Em Campo Grande, que vive uma epidemia emergência, se os dados fossem computados pela totalização das últimas quatro semanas em curso, a cidade teria 8.903 notificados, contra os 7.512 informados pela última atualização da SES – apenas as das duas primeiras semanas de 2013.
Assim, pela divulgação atual, a capital saiu do alerta vermelho, da alta incidência, para o amarelo –o de média gravidade. Mas, de fato, há um emergência.
O município de Bodoquena, com seus 514 casos que deram à cidade a liderança do ranking estadual (medido a cada 100 mil habitantes) teve 30 casos notificados na última quinzena de dezembro de 2012.
Com o “corte” na informação, na primeira semana de 2013 surgiu com apenas 5 casos. E na segunda com mais 10, totalizando 15 casos atuais. Se o dado fosse revelado pelas últimas quatro semanas seriam 50 notificações.
Fonte: Midiamax.com.br
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