O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), rompeu, na manhã deste sábado (3), um silêncio que mantinha em entrevistas nos últimos dias sobre as ações feitas na cracolândia.
Doria voltou a responder sobre esse assunto a jornalistas após pesquisa do Datafolha mostrar, neste sábado, que 80% dos paulistanos defendem a internação à força de usuários de crack. “Eu tenho evitado fazer comentários sobre a cracolândia, mas a pesquisa eu comento sim”, disse Doria.
“Nós não governamos para aqueles que são do grito, governamos para a maioria silenciosa”, afirmou. “A pesquisa reflete um bom sentimento, a atitude correta da Prefeitura de São Paulo, daqueles que têm o melhor sentimento. Não é um sentimento partidarizado. Não é sentimento ideológico”, disse Doria, cuja gestão tem defendido a internação de dependentes químicos à força.
As declarações do tucano foram dadas durante a 23ª ação do programa Cidade Linda, que, neste sábado, foi realizada na avenida República do Líbano (zona sul).
O prefeito vinha se recusando a falar sobre a cracolândia com jornalistas. As posições da prefeitura têm sido alvo de críticas de órgãos como Ministério Público e Defensoria Pública do Estado.
Em eventos públicos, quando questionado sobre as medidas tomadas em relação à população de usuários de drogas, Doria vinha delegando as respostas a algum secretário presente. Apesar de se abster de comentar sobre esse assunto à imprensa, Doria foi às redes sociais e disse, no dia 29, que não iria recuar. “Não vamos abandonar nossa ação contra os traficantes, contra os bandidos”, disse.
Aos jornalistas, neste sábado, Doria voltou a reafirmar que não voltará atrás em relação às ações na cracolândia. “Vamos seguir nosso caminho. Não tem volta. Não tem revés. Não tem covardia.”
PESQUISA
O Instituto Datafolha ouviu 1.125 pessoas na cidade nesta última quinta-feira (1º) após 11 dias da ação policial na antiga cracolândia comandada por Geraldo Alckmin (PSDB), que prendeu traficantes e desobstruiu vias onde havia uma feira de drogas a céu aberto.
A maioria (80%) dos moradores de São Paulo defende a internação à força para tratamento de usuários de crack, enquanto metade aprova o desempenho do prefeito João Doria nas recentes ações na cracolândia e acredita que não é possível solucionar esse problema na capital paulista.
A ação policial é aprovada por 59% dos entrevistados, mas 53% viram uso de violência contra os usuários. A margem de erro é de três pontos pontos percentuais, para mais ou para menos.